Um Verão Familiar tem direção de Eric Lenate e elenco formado por Ed Moraes, João Bourbonnais, Lavínia Pannunzio e Renata Guida.
Depois do sucesso da montagem de 2011, Limpe Todo o Sangue Antes que Manche o Carpete, do carioca Jô Bilac, a Cia. dos Inquietos aposta em outro texto inédito de autor contemporâneo. Um Verão Familiar, de João Fábio Cabral, estreiadia 16 de agosto, quinta-feira, no SESC Belenzinho, às 21h30, com direção de Eric Lenate.
No elenco, além do fundador do grupo Ed Moraes, estão os atores convidados João Bourbonnais, Lavínia Pannunzio e Renata Guida. A peça narra o drama de Júlio (Ed Moraes) um homem simples, sensivel e solitário. De volta às sua origens, ele revive suas angústias e traumas, diante da complexidade da relação familiar.
Para o diretor, a memória e as reminiscências da vida familiar constituem o cerne da narrativa, marcada pela profunda solidão dos personagens. “Comumente associada às tentativas frustradas de salvar relações, a solidão culmina na loucura e no desamor. Por essa razão e por expor faces contraditórias da sensibilidade contemporânea, Um Verão Familiar aproxima o homem de si mesmo.” Comenta Eric Lenate.
“O acesso à memória de nossa própria infância foi a principal motivação para esse trabalho. Criamos um diálogo entre os argumentos propostos pelo autor e nossa vivência. Mergulhamos em fatos que podem ter sido esquecidos, deturpados pelo tempo ou até mesmo serem pura ficção”. Revela o diretor. Para ele, João Fábio Cabral consegue dar forma e expressão para uma das estruturas arquetípicas de maior poder na história da formação da psique humana: a família: “ele propõe um retrato fracionado, bastante borrado do que um dia foi uma estrutura familiar”.
Outra característica fundamental em Um Verão Familiar é a narrativa fragmentada. Uma espécie de quebra cabeças oferece diversas possibilidades de entendimento. Cabe ao espectador distinguir o que é real e o que é ficção em cada drama vivido pelo protagonista, em cada trauma processado por sua memória.
Apoiado pelo tom confessional de Júlio, com interferências precisas e determinantes dos outros personagens (Pai, Mãe e Irmã), João Fábio estabelece uma linha narrativa oscilante entre a realidade e a ficção. O autor não estabelece linhas limítrofes entre uma coisa e outra, muito menos traça uma linha cronológica dos acontecimentos. Tecidos neste emaranhado de memória, que poderia ser de Júlio ou de qualquer um de nós, o espetáculo abre à visitação a um espaço do inconsciente coletivo.
A encenação
O diretor Eric Lenate explica que, para dar vida ao texto de João Fábio Cabral, eles (atores e diretor) emprestaram muitas coisas à encenação. “Um Verão Familiar exala desejos que ficaram guardados na infância, pedaços confusos de lembranças, portanto mexe com nossas próprias histórias“, diz. Todos colaboraram no processo, inclusive com objetos e adereços pessoais para as cenas, criando uma maior empatia entre atores e personagens. Lenate explica que descobriram juntos a linguagem exata da peça trabalhando nos planos menos palpáveis da lembrança e da memória. “Exploramos um maior grau de subconsciência para expor o que acontece em cena“.
Calcada mais em um plano impressionista que concreto, a direção optou por uma encenação limpa e concisa, principalmente porque o texto já traz uma carga dramática bastante forte. “A encenação segue como uma pintura, como quadros que desenham a história dessa família“. Neste ponto iluminação (de Aline Santini) é fundamental. A base é um grande ciclorama que “contorna“ esses quadros e valoriza as silhuetas em um desenho pouco usual em iluminação teatral.
Para sintetizar a ambientação desse apartamento que há muito não é habitado, a cenografia (de Eric Lenate) não é realista. Alguns elementos sintetizam esta ideia, a exemplo do piso imitando um ladrilho antigo. Uma mesa de jantar tem grande significância, pois representa a reunião familiar, onde muita coisa deveria ter sido dita. A solidão e o abandono (tanto da casa quanto do interior do protagonista) também tem reflexo é um tonel que acumula a água de chuva vinda de uma crescente goteira.
Sinopse
Júlio, personagem central da trama, é jardineiro: homem sensível, apaixonado por plantas e pelas artes. Criado num ambiente hostil, opressivo e contrário à sua personalidade, passa a dialogar com um universo paralelo, somente seu. Ao visitar a casa onde viveu a infância, traz à cena suas memórias e fragmentos de lembranças. Recordações da convivência com o Pai, a Mãe e a Irmã envolvem o espectador em seus conflitos e perturbações. Numa imersão não cronológica, oscilando entre presente e passado, Júlio revive relações familiares e os efeitos destas sobre sua individualidade. Quadros de memória vão se encaixando como um quebra cabeça ao mesmo tempo em que abre diversas possibilidades de entendimento sobre o que realmente aconteceu no seio desta família.
Ficha técnica
Espetáculo: Um Verão Familiar
Com a Cia. dos Inquietos
Texto: João Fábio Cabral
Direção e cenografia: Eric Lenate
Elenco: Ed Moraes (Júlio) e atores convidados: João Bourbonnais (Miguel, o pai), Lavínia Pannunzio (Mãe) e Renata Guida (Maria, a Irmã).
Assist. de direção e direção de palco: Diego Dac
Iluminação: Aline Santini
Figurino: Rosângela Ribeiro
Trilha sonora original: Fernanda Maia (piano) e Beatriz Navarro (violoncelo)
Cenotécnica: PalhaAssada Atelier
Vídeos: Fabi Loyola
Fotos: Gustavo Porto
Operação de som: Pedro Fontana
Operadora de Luz: Pilar C. Valdelvir
Costureira: Noeme Costa
Produção: Cia dos Inquietos
Coprodução: Arrumadinho Produções Artísticas
Produção Executiva: Palipalan Arte e Cultura-Renata Pimenta
Direção de produção e coordenação geral de projeto: Ed Moraes
Serviço
Estreia: 16 de agosto – quinta-feira – às 21h30
Estreia: 16 de agosto – quinta-feira – às 21h30
SESC Belenzinho - www.sescsp.org.br/belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho/SP - Tel: (11) 2076-9700
Sala de Espetáculos I (120 lugares) - Duração: 1h20
Temporada: 16 de agosto a 9 de setembro de 2012.
Quinta a sábado (às 21h30), domingo e feriado/7 de setembro (às 18h30)
Ingressos: R$ 24,00, R$ 12,00 e R$ 6,00. Drama - Classificação: 16 anos
Estacionamento: R$ 6,00 (não matriculado) e R$ 3,00 (matriculado).
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