Dividam essa informação: Eu não moro em Curitiba há quase 13 anos, mas estou passando esse carnaval aqui por um motivo especial. Se você mora em Curitiba e tem menos de, sei lá, 30 anos, ou seja, se você não viveu para ver o BAAF no palco, se você não tinha idade pra acompanhar o que esses caras fizeram com a poesia de outros caras, ou ainda, se você conheceu Leminski agora, quando comprou Toda Po...esia caprichosamente editada pela Companhia das Letras, naquele livro laranjinha, não perca uma das últimas e raríssimas chances de entender porque essa cidade um dia foi brilhante, sem entrar no mérito de se ainda é (não é). Eu tive a oportunidade de, mais jovens que eles, testemunhar esses shows. Discretamente, os segui e fui iniciado em Gregório de Matos, Maiakovski, Baudelaire, Bashô, John Fante, Yeats, Noel Rosa, Lupiscínio Rodrigues, o punk e o pós punk. Conheci numa fita K7 que veio parar na minha mão, não sei como, no meio da década de 80, eu com meus quinze ou dezesseis anos mal vividos. Quatro músicas pesadas, lentas, líricas, irritadas. Devo meu humor, minha juventude, minha inspiração e quase tudo o que faço a esses caras. Troco tudo o que fiz e farei por ouvi-los mais uma vez. E faço isso, porque fui um privilegiado, por tê-los conhecido, e por fim aprendido que o melhor da nossa vida, às vezes, só nos diz respeito, acontece na nossa esquina, nos porões das nossas cidades pequenas e nunca será de domínio público, felizmente ou infelizmente. Podem dizer, orgulhosos, que sobreviveram e ultrapassaram as baixas perspectivas sobradas aos artistas independentes desse país, com galhardia e extremismo poético, não concederam sua preciosidade aos modismos que assolam o mercado cultural. Ainda assim, os mais antenados de nosso país se renderam. Ana Maria Bahiana adjetivou a turma como "verdadeiras esponjas culturais". Recentemente, Hermano Vianna disse que Sem Suíngue, um dos discos do BAAF, é um divisor de ritmos e pode ser coroado como um dos melhores discos da música de nosso país, no panteão ocupado por Acabou Chorare e Samba Esquema Novo. Ariela Boaventura afirma que o BAAF antecipou estruturas sonoras do pop rock do país e que mesmo após 20 anos, tudo soa substancialmente contemporâneo. E eu repito o que tenho dito, não há nada melhor. Portanto, se você não conhece, porque é jovem demais (seu desgraçado), não perca a oportunidade, porque os tempos mudam mas os clássicos ficam.
FONTE?
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10201728469322676&set=a.1268762648369.2037016.1508917871&type=1&theater
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