terça-feira, 17 de julho de 2012

Programação no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro





sc.264

Angelo Venosa no MAM – Rio


Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
De 26 de julho a 23 de setembro de 2012 (De terça a sexta, das 12h às 18h Sábado, domingo e feriado, das 12h às 19h A bilheteria fecha 30 min antes do término do horário de visitação.)
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro  (Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140 | 21.2240.4944 | www.mamrio.org.br)

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a Bradesco Seguros, a Petrobras e a Light, apresentam, de 25 de julho a 23 de setembro de2012, aprimeira exposição panorâmica da trajetória de Angelo Venosa, um dos mais destacados artistas do país. A mostra terá cerca de 40 obras, que vão desde os anos 1980 até os dias atuais, sendo algumas inéditas, produzidas especialmente para esta exposição.


Com curadoria de Ligia Canongia, a mostra, que ocupará um espaço de mais de1.800 metros quadrado sno segundo andar do museu, é a maior exposição individual do artista em seus 30 anos de carreira. É, também, sua primeira exposição no MAM Rio. A mostra traça um panorama da carreira do artista e terá obras emblemáticas de Angelo Venosa, selecionadas pelo próprio artista. Os trabalhos pertencem a coleções públicas, como MAM SP e MAC USP, e privadas. Muitos deles estão há anos sem serem mostrados ou foram pouco vistos pelo público e também pelo próprio artista, que localizou recentemente algumas obras antigas.
O artista pensava em realizar uma exposição nesse formato há cerca de oito anos, mas a idéia ganhou mais força após sua exposição na Casa de Cultura Laura Alvim, em 2009. Em sua carreira, o artista sempre preferiu realizar exposições com poucos e selecionados trabalhos, entre sete e dez, no máximo. Quando pensou na ideia de uma exposição panorâmica, desejou reunir em um único espaço todas as exposições já realizadas que marcavam um determinado momento de sua produção.  “Queria que o público, e eu mesmo, pudesse ver a reunião desses trabalhos”, conta. Decidiu então buscar o que havia de seminal na sua produção, em diversas épocas. “Busquei trabalhos que se resolveram de maneira exemplar, seminal. Quis fazer uma exposição enxuta, com peças que considero emblemáticas. Fui mais tirando obras do que colocando”. Ele observa, entretanto, que este “é apenas um recorte, com a visão que tenho hoje, diferente caso feito daqui a dez, 15 anos”.
A exposição reúne obras produzidas durante cerca de 30 anos, sendo a maioria mais recente. As obras dos anos 1980 foram escolhidas a partir de sua participação na Bienal de 1987. Artista incluído na chamada Geração 80, ele no entanto não participou da mostra “Onde está você, Geração 80”, em 1984, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Ele estava insatisfeito com seu trabalho em pintura, e decidiu não mostrá-lo. E foi justamente nesta época, ao cortar uma tela e produzir um objeto, que passou a trabalhar com a tridimensionalidade, tornando-se um dos escultores mais reconhecidos do país, com obras em acervos importantes.
Ele não precisa quando e por que os ossos passaram a ser um elemento constante em seu trabalho. “Os trabalhos iniciais eram mais fantasiosos. Há um momento em que, conscientemente, começo a trabalhar com os ossos, seja diretamente ou não. São um repertório que gosto”, diz.  Ele identifica um elemento comum em seu trabalho, ainda que mude a referência formal, a busca pela beleza. “Para mim, a beleza é uma medida”.
OBRAS INÉDITAS
Para a exposição no MAM Angelo Venosa está produzindo peças novas, com materiais e pesquisas diferentes. “Tenho experimentado materiais novos e também um outro raciocínio formal, diverso do que vinha empregando”, conta.
Para ele, o processo de realização do trabalho é tão importante e instigante quando a conclusão. “Adoro o fluxo do trabalho. O prazer está neste fluxo, em descobrir o caminho, à medida que se está fazendo. Às vezes se entende o que se está fazendo no caminho. Todo mundo tem uma habilidade, um saber. Usando isso, você vai entender o que está fazendo, no caminho deste fazer”, afirma.
Formado em desenho industrial, o processo de criação das obras começa no computador ou com massa de modelar, onde faz com as mãos as formas que busca. O artista acredita que o computador é apenas um instrumento, antes usado por ele de forma bidimensional e mais recentemente usado para visualizar tridimensionalmente as estruturas criadas por ele. O uso do computador, no entanto, não significa uma busca por obras perfeitas. “Por mais que se use a tecnologia disponível, sempre tem um ruído, uma incompletude. Me incomoda a busca da perfeição. Não é o mundo real. Gosto do barulhinho, da sujeira. A linha reta é a interpretação da curva, não existe na natureza”.
Luiz Camillo Osorio, curador do MAM Rio, que acompanha há tempos o trabalho do artista, escreveu sobre ele em livro que aborda sua trajetória, lançado em 2008 pela Cosac&Naïf.
“Suas formas carregam o estranhamento de uma vontade de expressão que recusa a eloqüência, a adjetivação. Ao mesmo tempo, há em sua poética uma opção por materiais que carregam consigo alguma fala peculiar. Sua escultura transita do orgânico ao especular, buscando processos de formalização que dêem alguma visualização ao que não se mostra por si só: ora parece expelir o que está dentro – ossos, dentes e fragmentos do esqueleto –, ora reflete a interioridade do que está fora – como nas séries de perfis, vidros e espelhos. Neste jogo entre o dentro e o fora, sobra a opacidade do que se revela sem se mostrar”.
“Em uma primeira fase de sua carreira, entre 1985 e 1988, sua obra assumiu um caráter orgânico, com uma materialidade informe que se ia erigindo a partir de uma estrutura em madeira coberta em seguida por resina pintada de preto. A interioridade encontrava a sua pele, impunha um limite precário ao processo de formalização que se fechava com uma epiderme tensionada de dentro. Suas esculturas são estranhas ao clamor festivo da Geração 80. Começava ali sua resistência à mundaneidade da arte”, ressalta Luiz Camillo Osorio.
“De1989 a1994, o elemento orgânico desloca-se da forma para as relações materiais, apostando na tensão entre texturas, temperaturas, tonalidades afetivas. Mantém-se, todavia, certa expansividade no espaço. De 1996 em diante ele deslocará o processo de construção da escultura. Do sentido de exteriorização, indo de dentro para fora e explorando certa informalidade dos materiais, ele passará a segmentar a matéria, agora mais resistente, e a serializar a forma”, diz Luiz Camillo.
SOBRE O ARTISTA
Angelo Venosa (São Paulo, 1954. Vive e trabalha no Rio de Janeiro) surgiu na cena artística brasileira na década de 1980, tornando-se um dos expoentes dessa geração.
Desde esse período, Venosa lançou as bases de uma trajetória que se consolidou no circuito nacional e internacional, incluindo passagens pela Bienal de Veneza (1993), Bienal de São Paulo (1987) e Bienal do Mercosul (2005).
Hoje, o artista tem esculturas públicas instaladas no Museu de Arte Moderna de São Paulo (Jardim do Ibirapuera); na Pinacoteca de São Paulo (Jardim da Luz); na praia de Copacabana/ Leme, no Rio de Janeiro;  em Santana do Livramento, Rio Grande do Sul e no Parque José Ermírio de Moraes, em Curitiba.
Possui trabalhos em importantes coleções brasileiras e estrangeiras, além de um livro panorâmico da obra, publicado pela Cosac Naify, em 2008.


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