quarta-feira, 11 de julho de 2012

No RJ: o Recital do Ano na Casa Poema da Elisa Lucinda: A poesia da canção com Zeca Baleiro



O Recital do Ano!

O coração da Casa Poema está cantando assim:

“Hoje eu acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de beijar o português da padaria...”

Para quem ainda não entendeu, a nossa Casa Poema é um mimoso centrinho cultural no coração de Botafogo. Realizamos uma variedade de eventos, mas a nossa especialidade é a Poesia Falada e a melhora mágica da expressão do indivíduo. Se você ainda não nos conhece, não deixe mais passar da hora. Mesmo que não venha fazer aula, pode assistir aos recitais de cada turma, participar de uma aula aberta, apresentar seus poemas, canções ou o que você quiser, em cada última quinta feira do mês, no Sarau aberto do Teatro Possível na Casa Poema. E o melhor: tudo isso que eu disse não custa nada, ”é de grátis”. Mas se você já está por dentro, é hora de tomar algumas providências: por exemplo, oferecer ao seu filho, sobrinho, irmão, afilhado, priminho, ou quem seja, a oportunidade de desfrutar da poesia de uma forma lúdica e encantadora que acaba por atuar definitivamente na educação daquele menino ou menina. Estou falando da nossa Casinha Poema, a colônia da palavra que a nossa Casa realizará do dia 23 ao dia 27 de julho. Sua criança deve estar alfabetizada e ao final da oficina apresentará junto com a turma um recital. Devo informar que foi aos 11 anos que minha mãe me levou, sabiamente, para estudar declamação. Tive a sorte de ter uma professora, a Maria Filina, que, naquela época, muito moderna, me disse que a sua aula era de interpretação teatral da poesia. Pois com ela aprendi a coloquialidade das palavras poéticas e desenvolvi minha capacidade de comunicação através dos versos. Quando cheguei à adolescência meu coração já estava forrado de respostas para as primeiras angústias existenciais; respostas estas que me foram ofertadas pela quantidade de poemas profundos, sensíveis, bonitos e esclarecedores que eu já trazia no peito. Esses poemas, claro, ainda não eram meus. Muito cedo tive acesso à obra de Fernando Pessoa, Mario Quintana, Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira, José Régio, Olavo Bilac, Cecília Meireles e outros bambas. Lamento muito que a poesia esteja fora da linha educacional da maioria das escolas e dos lares de tantas famílias. Logo agora, em tempo da produção de uma cultura de paz, a ecológica poesia, que sempre exaltou rios e matas e mares limpos, se faz absolutamente necessária. Além do que, oferecemos às crianças da cidade grande, delicadezas sensoriais espalhadas pelo ambiente da nossa casa: uma construção centenária ainda do tempo do Botafogo Imperial. Para o público de qualquer idade, aconselha-se um leque de opções do curso de Poesia Falada para adultos. Acontece mensalmente uma oficina nos moldes de um workshop com duração de 5 dias, e que também finaliza com um recital, em que a maioria avassaladora recupera a memória que pensava perdida ou de difícil fixação. Há a oficina permanente que, ao contrário do mergulho de vários dias seguidos, ocorre uma vez por semana, na segunda à noite ou na quarta pela manhã, com duas horas de duração, e há ainda a “Minha Poesia Falada”, que é também uma oficina permanente, em que autores estudam como dizer seus próprios poemas. É só escolher. Devo dizer, que o nosso slogan, principalmente para os mergulhos mensais é: “Trazemos a pessoa amada por si mesma em cinco dias”. Se eu fosse você eu viria conferir.

A grande atração, no entanto, do mês de julho é O Recital do Ano, dentro do nosso ciclo “A Poesia da Canção”, que traz a obra do Zeca Baleiro em estado de poesia falada. É um luxo para nós, que colhemos poesia das coisas, viajarmos pelo acervo poético maravilhoso que a MPB é. Alunos e professores, inclusive eu, Elisa Lucinda, falarão os poemas do poeta-cantor maranhense que nos honrará com a sua deliciosa presença. Dono de uma poesia aguda, original, amorosa, sincera, revolucionária, criativa, provocadora e muitíssimo bem humorada, o Zeca se faz necessário na renovação do olhar de toda a sociedade e, em especial, da juventude que tenta achar um pensamento próprio diante da pasteurização geral, que reduz os sonhos de um jovem a “um novo carro novo”. Além de ser meu parceiro e amigo de longa data, o Zeca, antenadíssimo, é desde o começo visitante ilustre da nossa Casa Poema. Estamos em festa comemorando os quatro anos de vida deste nosso sonho em que a poesia é rainha. “O Recital do Ano” e a conversa com o autor, bem como autógrafos do seu livro “Bala na Agulha”, acontecerão no auditório do “Teatro Possível” da Casa Poema, a partir das 20 horas do dia 17 de julho. É fundamental chegar antes para garantir a senha. A entrada é um livro de poesia novo ou usado para ser oferecido à Biblioteca poética da nossa escola. Nesses quatro aninhos, bravamente e sem patrocínio, realizamos muitos recitais de inúmeros poetas, várias Poesias do Encontro com as presenças de: Ferreira Gullar, Martha Medeiros, Mano Mello, Viviane Mosé, Afonso Romano e Marina Colasanti, sem contar que a Casa, toda encantada de flores nas paredes, já abriga festas, exposições (neste momento estamos com a obra lindíssima de Márcia Cisneiros), gravações de programa, como é o caso de Espelho, do Lázaro Ramos. Em suma, se você quer expor, ensaiar, ter aulas, dar aulas de alguma arte que comungue com a nossa, o endereço é aqui.

Nossas velas de aniversário são compostas pela força da equipe que, incansável, acredita no sonho e leva sua prática à vida de muitos brasileiros. Digo isso, porque, sem a equipe de base, Gilmara Vilarinho, Raquel Corbetta, Helena Leila e Carmen, sem os professores/atores, Geovana Pires, Marcelo Demarchi, Daniel Rolim, Claudio Valente e eu, não seria possível exercermos valiosas parcerias como a da Organização Internacional do Trabalho (OIT), por exemplo, com quem estamos realizando um projeto docemente revolucionário, “Palavra de Polícia, Outras Armas” (http://www.youtube.com/watch?v=qZaGRQDmzCY)que já semeou sua força nas polícias de Contagem- MG, Vitória- ES, Brasília-DF, e agora, Lauro de Freitas, na Bahia. Ainda compondo a nossa equipe, destacamos o trabalho de David Lima, criando nossos flyers virtuais e do Juliano Gomes, responsável pelos registros audiovisuais dos nossos eventos. Algumas Secretarias de Educação do País, também já provaram de nossa capacitação para professores de escola pública, habilitando-os a trabalhar a poesia na sala de aula.

Quando abrimos a Casa Poema, nós da Companhia da Outra, grupo teatral fundado por mim e Geovana Pires, não imaginávamos o tamanho do desafio e o quanto nos custaria passar com o nosso sonho na mão, espalhando-o por essa vida urbana afora, sem quebrá-lo ou feri-lo. É difícil, mas tendo criado o meu filho à base de poesia, tendo eu sido educada por ela, me sinto devedora de suas dádivas. A Casa Poema existe concretamente como um espaço de cultura e o que fazemos aqui é pratico, muda a vida do indivíduo para melhor, seja policial, engenheiro, psicólogo, DJ, estudante, aposentado, advogado, médico, não importa. Multidisciplinar, o conteúdo poético está pronto para entrar na vida do ser humano e produzir em seu cotidiano uma prática de felicidades e uma melhora inteligente da sua qualidade de existir. Bem, agora é esperar você, com suas palmas, seus ouvidos, olhos e corações bem abertos, para receber os versos de um poeta, cantor, cronista, moderno, encantador e faceiro chamado Zeca Baleiro. O aniversário é da casa, mas a festa é de todos. 


Beijos, 
com amor,
Elisa Lucinda.

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